segunda-feira, 15 de março de 2010

Obras de Araci Vendramini impressionam público da 36ª Exporã

(Peças de Araci Vendramini é elogiada por todos os que visitam o estande)
As obras de arte – estátuas em tamanho natural – produzidas pela artista plástica Araci Marques Vendramini, 61 anos, impressionam o público da 36ª Exporã (Exposição Agropecuária de Ponta Porã) que vista a exposição no estande da Funcespp (Fundação de Cultura e Esporte de Ponta Porã), no interior do Parque de Exposições ‘Alcindo Pereira’.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Praça, a artista conta que consegue transmitir as expressões às esculturas com a técnica de gravar as feições das pessoas apenas no olhar. É justamente a forma como as obras estão produzidas que chama a atenção dos visitantes. “O mais difícil da obra é definir a expressão, que é a realização do artista; meus trabalhos reúnem a história, então eu digo que não é a gente que olha a história, é a história que te olha”, afirma.

Nascida em Ponta Porã, Araci Marques Vendramini foi para Sete Quedas e depois se mudou para Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Há dez anos dedicou-se à vida de artista propriamente dita. As esculturas que está mostrando são todas indígenas, num total de 8 peças, quatro delas doadas ao município de Ponta Porã. Elas deverão ser expostas no Centro de Convenções, após sua inauguração.

Em 2000 ela disse ter participado de uma exposição em Presidente Prudente e notou certo preconceito com suas esculturas de índios e negros. “Percebi que não vendem, mas o mundo indígena é o mundo dos brasileiros; comecei e vi que a discriminação sobrepõe a arte, ou seja, os brancos não deixaram os índios gravarem suas tradições, as tradições deles estão se perdendo no tempo”, explica a artista.

Paradoxo de expor suas obras justamente numa festa da classe produtora não a preocupa nem constrange. “Tenho minhas próprias concepções a respeito do assunto”, justifica, revelando algumas delas e pedindo: “Isso você não precisa anotar”. Para tudo o que vai criar, Araci diz que faz estudo para adquirir conhecimento e entender o tema.

“Nesse pajé (mostra escultura de um pagé guarani-kaiowá, que está entre as suas mais belas obras), a parte mais difícil é o cocar, porque exigiu muito estudo sobre os tipos e cores das penas, das sementes, seus significados”, revela. De acordo com a artista, sua técnica em trabalhar a cerâmica é oriunda dos guarani e dos goitacazes. “Hoje eu procuro reensinar os índios seus próprios costumes”, aponta, realizada.

Há peças bastante complexa, como uma urna goitagaz, com detalhes surpreendentes. Índios e índias guarani-kaiowá integram o acervo. Para produzir uma escultura como as que estão expostas, a artista diz que chega a levar mais de seis meses, podendo chegar a um ano, porque a argila é sobreposta e precisa de tempo para secar, camada após camada, enquanto é feita.

O custo estimado de cada uma? R$ 3 mil, por baixo, segundo a artista. Dos que passaram pelo estande da Funcespp, ninguém achou caro. A beleza das peças se sobrepõe a qualquer tipo de análise econômica. Araci Marques Vendramini encerrou este ciclo e está com projeto para fazer outro, igualmente com peças de humanos em tamanho natural, contando a história de Mato Grosso do Sul.

Fonte:Mercosul News

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